segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Brasil, brasileiros e Olimpíadas


O desempenho brasileiro nesses Jogos Olímpicos de Londres causou muita decepção em grande parte da população brasileira. Os mais diversos esportes sofrem com as críticas e as cobranças que normalmente se observa apenas com a Seleção na Copa do Mundo. Apesar de frustrado com alguns resultados – principalmente do futebol masculino – não concordo com essa enxurrada de críticas. Justificarei isso primeiro pelos esportes ditos olímpicos e numa segunda postagem o futebol.

Houve quem ficasse satisfeito. O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) teve sua meta de 15 medalhas superadas, mas o governo federal esperava mais do que as 17 medalhas conquistadas pelos atletas do país na capital inglesa. Essa expectativa se deu principalmente pelo aumento nos investimentos nos esportes olímpicos de alto nível desde os últimos Jogos. Já pensando nos Jogos do Rio, em 2016, o incentivo ao esporte aumentou para não fazer feio como anfitriões da competição, tendo como exemplo a ser seguido a Grã-Bretanha e a China. Dessa forma, muitos acreditam que não é aceitável o argumento de alguns atletas de que não contam com apoio nenhum, que o Brasil só olha pro futebol, etc. De fato, a situação de alguns esportes melhorou muito. Alguns esportes estão em constante intercâmbio com as potências de suas modalidades, treinadores estrangeiros estão sendo contratados, atletas participam de um maior número de competições internacionais de alto nível. Tudo isso eleva o nível do nosso esporte, o que aumenta a expectativa em cima dos “nossos heróis”. Então por que essas expectativas não são correspondidas? O senso comum já aponta pro nosso “complexo de vira-latas”, transformando campeões e recordistas mundiais e olímpicos em amarelões, sendo o despreparo psicológico dos brasileiros um grande vilão.

Claro que é uma visão simplista, passional (não seria isso também um reflexo do “despreparo psicológico” de nós brasileiros?).  Claro que atletas falham, mas como dizer que um atleta como César Cielo foi uma decepção, num esporte que frações de segundos separam o campeão do oitavo colocado? Os atletas são bem preparados, o investimento foi feito, então qual é o problema? Os outros países são melhores? Por que?

Comparando com a própria Grã-Bretanha e China já citadas, vamos ver a diferença da aplicação dos investimentos. Em ambos os países, o esporte é estimulado desde a infância nas escolas, segue sendo acompanhando até a juventude e a chegada ao esporte de alto nível. No Brasil todos os incentivos, todo o apoio, só é feito aos atletas de alto nível, que já batalharam e conquistaram muito, até que se tornaram campeões graças principalmente ao esforço pessoal. Por isso, desde já é difícil crer que melhoraremos consideravelmente nosso posto no quadro de medalhas pra 2016. Está tarde pra isso.

Investir na base é uma solução a longo prazo pro esporte brasileiro e também para pra diversos setores da sociedade, como a educação. Basta comparar os índices de educação de países como China, Grã-Bretanha, EUA e Cuba (todos também a frente no quadro de medalhas) com os nossos. Investir em esporte é investir também na educação, na saúde e nos nossos jovens, não é apenas comprar medalhas.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Eurocopa: nações e nacionalismos


Pra quem realmente gosta de futebol, assistir a campeonatos como a Eurocopa trata-se de obrigação. Consome-se toda informação possível antes da bola rolar e acompanha o seu desenrolar religiosamente, como se seu clube ou a seleção de seu país participasse do torneio. Sendo essa uma Copa do Mundo sem Brasil e Argentina no jargão popular, escolhe-se em algum momento uma equipe para torcer. Eu até tento ser imparcial em jogos que não envolvem o Flamengo, mas sempre me flagro torcendo por alguém, em qualquer jogo.
Nessa Eurocopa, torci pra Alemanha como sempre faço desde os anos 90 por alguma razão que eu próprio desconheço. Como faço isso desde muito novo, me é muito natural. Afinal, gosto de futebol antes de ter exata noção do que representa uma seleção nacional. E isso para alguns causa muita estranheza. Como é possível torcer pra outro país se não o seu? Por que eleger uma  nação com o qual não tenha nenhum vínculo além do afetivo?
No Brasil, principalmente, a seleção de futebol está fortemente vinculada a construção de nossa nacionalidade. Nada mais patriota do que a cada 4 anos vestir a amarelinha e cantar ”eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. E isso foi forjado em nosso país na Era Vargas, quando houve um processo de construção de identidade nacional no qual a nossa seleção era um importante instrumento de consolidação desse projeto. A euforia da qual participamos em Copas do Mundo não foi vista nas primeiras participações brasileiras, sendo notado apenas na Copa de 38, com enorme contribuição do governo varguista.
Na Europa esse processo de criações de nacionalidades se iniciou ainda no século XIX e temos como uma de suas conseqüências a Grande Guerra. Esse nacionalismo exacerbado até hoje provoca conflitos por todo o mundo, como visto nessa própria Eurocopa nas brigas entre poloneses e russos. Isso só serve pra demonstrar o quão grave pode ser se apegar a determinadas tradições, muitas vezes vistas como natural. Felizmente consigo assistir e torcer por um bom futebol sem me envolver com isso. Foi possível ver até brasileiros atuando por seleções europeias, sem nenhuma "raiz", apenas por interesses esportivos. Então por que eu não poderia torcer pelo mesmo motivo?

terça-feira, 1 de maio de 2012

Jogador também é trabalhador

Após uma série de lutas e manifestações por seus direitos, ocorrida nos EUA, o Dia Internacional do Trabalhador surgiu alguns anos após, na Segunda Internacional Socialista, em 20 de junho de 1889, em Paris. Os jogadores do futebol parecem alheio a tudo isso. Até porque a frieza dos números às vezes é cruel, não deixa margem pra interpretações. Os salários milionários dos grandes jogadores de futebol causam indignação, principalmente em países como o Brasil, onde muitos trabalhadores são explorados em jornadas de trabalho extenuantes em troca de vencimentos que nem sempre suprem suas necessidades básicas. Pensando dessa forma, como considerar esses atletas trabalhadores comuns?

Penso que o problema não deve passar por aí por diversas razões. Primeiramente, essa realidade vista na forma de vários dígitos não compreende todo o universo dos jogadores profissionais. A maioria vive de pequenos salários, instabilidade no emprego e ainda a incerteza de receber por seu trabalho, graças as péssimas administrações dos clubes. Então, uma minoria privilegiada é a responsável por esse olhar crítico à profissão.

Outra razão que me leva a pensar diferente é sobre a relevância dos atletas profissionais a sociedade. Ora, me parece de razoável relevância sujeitos capazes de comover milhares de pessoas em torno de cada jogo, de movimentar bilhões da economia mundial e até mesmo capazes de influenciarem na política de um país, como podemos ver claramente com a proximidade da Copa do Mundo aqui no Brasil. Os jogadores de futebol são partes importantes de um negócio altamente rentável; nesse caso é natural que seus ganhos sejam proporcionais (longe de concordar com certos valores, mas dentro desse modelo econômico em que vivemos é compreensível).




Dessa forma, acredito que a dificuldade maior de reconhecer os jogadores de futebol como trabalhadores é a falta de uma consciência de classe dos próprios jogadores. O que vemos são atitudes isoladas, em busca de benefício próprio. Raros são os exemplos de mobilização em grupo na busca de seus direitos de trabalhador. Reivindicações salariais e cobranças são feitas individualmente acionando os clubes na justiça, dificilmente se vê um time ou um sindicato tomando atitudes como essa coletivamente.

Nessa temporada alguns desses raros exemplos de atuação coletiva ocorreram, como uma ameaça de greve dos atletas profissionais na Itália e na Espanha (2 dos países com futebol mais rico do mundo), em favor de maior equilíbrio econômico entre os clubes. Aqui no Brasil jogadores do Vasco e Bonsucesso ficaram alguns dias sem treinar ou ir pra concentração em protesto contra salários atrasados. E o mais recente ocorreu esse final de semana em Portugal, quando os jogadores do União de Leiria rescindiram seus contratos com o clube – também por falta de pagamento – fazendo com que o clube entrasse em campo com apenas 8 jogadores, entre emprestados e oriundos das categorias de base.

Isso ainda é muito pouco. Jogos com horários inadequados são marcados, campeonatos com número excessivo de jogos são criados, férias são atropeladas, preparação deficiente todo ano... Os contratos são assinados e os atletas seguem a máxima “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Enquanto não houver maior consciência da classe e sua conseqüente mobilização, serão tratados assim: como simples peças da engrenagem do futebol, nunca como trabalhadores possuidores de seus direitos e, principalmente, os principais responsáveis pelo esporte.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Ano novo, futebol velho

Mais um janeiro começa e com ele se renovam as esperanças da humanidade. Desejos de paz, prosperidade e vida nova se repetem ainda que a maioria não faça nada pra mudar. O final de ano deixou de ser apenas o ciclo completo da Terra em torno do Sol, para se tornar um motivador emocional. É uma época de reflexões, onde erros e acertos são colocados na balança, com a virada do ano se tornando uma nova chance. Essa reflexão no futebol brasileiro chegou em forma de lamentações e pesares após a derrota do Santos para o Barcelona na final do Mundial Interclubes da FIFA.

Eu comecei essa reflexão me remetendo a uma outra final de Mundial. Como bom flamenguista e amante do futebol-arte, comemorei os 30 anos do título contra o Liverpool. Vi na tv programas e reportagens dedicadas ao jogo, ouvi pelo rádio a transmissão original da partida ao mesmo tempo em que assistia ao jogo pela Internet na íntegra, li matérias especiais de jornais de hoje falando sobre aquele time histórico, li jornais da época dando conta da festa da torcida. Em tudo isso fica clara a consciência de que aquele time e aquele momento seriam históricos.

Lembro do Flamengo/81 e automaticamente da Seleção Brasileira/82 inspirado no que alguns jornalistas e o próprio treinador Pep Guardiola disseram após a partida contra o Santos: o Barcelona faz (muito bem) o que faziam os times brasileiros em outros tempos, jogando um futebol de bom toque de bola e muita técnica. A constatação da imensa superioridade técnica que alcançou esse time do Barça e essa afirmação de Guardiola caíram como uma bomba no futebol brasileiro. Simplesmente, o futebol brasileiro deixou de ser o melhor do mundo, deixou de jogar o futebol mais bonito. O nacionalismo exacerbado que previa vida dura pro Barcelona em campos brasileiros, saiu do salão constrangido com o baile que a equipe santista assistiu de camarote.

Essa crise técnica no futebol brasileiro não é algo recente. Esse é um processo pelo qual o futebol brasileiro vem passando desde os anos 80. Nossa última grande Seleção foi a de 1982 e o grande time foi esse Flamengo de 1981 que eu assisti por vídeos. Desde então muitos títulos foram conquistados por times brasileiros além de duas Copas do Mundo, mas nenhum time tinha esse brilho que encantava o mundo, o pai e o avô de Guardiola, como o mesmo dissera. As derrotas em Copas do Mundo que levaram a um jejum de 24 anos sem título, não é a única culpada. No mesmo período, um projeto de modernização começou a ser implantado no futebol brasileiro. A Europa passou a ser vista como modelo para nosso futebol, mesmo quando ainda tínhamos os melhores jogadores. Copiamos táticas, estratégias, estilo... menos o seu profissionalismo.

Dizem que o futebol brasileiro perdeu sua identidade. Sempre nos apegamos ao chamado futebol-arte, mas não raras vezes o abandonamos, como agora. Mano Menezes assumiu o comando da Seleção prometendo a volta do protagonismo do futebol brasileiro, mas ainda não conseguiu mudar esse panorama. Não é tão simples assim. Afinal, são mais de 20 anos investindo em um modelo que prioriza resultado e jogadores que agradem aos europeus. Buscamos o pragmatismo e o futebol de resultados dos europeus, ironicamente tão criticados e copiados por aqui. Não seria esse o nosso verdadeiro complexo de vira-latas? Mais do que se sentir inferiorizados e temer, aos olhos dos brasileiros o europeu é sempre o modelo a ser seguido. Eles são organizados, modernos e desenvolvidos, ao contrário do Brasil onde o improviso e o jeitinho solucionam tudo e nos impede de se desenvolver. O que um dia foi nosso maior orgulho e símbolo da nossa identidade se perdeu por aqui e foi descoberto pelos europeus. Mais uma vez vieram aqui e pegaram o que temos de melhor e nós, subdesenvolvidos e colonizados, compramos essa idéia de desenvolvimento.

Em janeiro sempre aconteça a Taça São Paulo de Juniores, onde grandes promessas do nosso futebol surgem todos os anos. Ou pelo menos é a nossa esperança de fim de ano. Mais um desejo que poucos fazem algo pra se tornar realidade.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Pan-Americano

Terminados os Jogos Pan-Americanos em Guadalajara, o Brasil comemora grandes resultados em diversas modalidades e recolhe fracassos em outros, como o futebol. Tanto a equipe masculina quanto a equipe feminina não levaram seus principais jogadores e com isso obtiveram resultados aquém do sempre esperado pelo futebol brasileiro. Ainda assim, esses resultados não são quase questionados, apontando a desvalorização do certame.

Aclamado como as Olimpíadas das Américas, os Jogos Pan-Americanos não tem a valorização que a alcunha supõe. É quase uma segunda divisão regional. O evento é desvalorizado pelos principais nomes do esporte e ganha em importância apenas para atletas de pouca visibilidade – seja do seu país, do seu esporte ou do próprio atleta – em busca de maior reconhecimento e destaque. Não fosse por isso, talvez alguns jogadores da seleção brasileira presente nesse Pan, nunca tivessem a oportunidade de vestir a amarelinha, dado o seu baixo nível. A CBF ajudou a esvaziar o torneio enviando uma seleção sub-20 sem contar com a maioria dos campeões mundiais da categoria alguns meses antes e destaques como Neymar e Lucas. A eliminação na primeira fase sem nenhuma vitória e futebol nada convincente, gerou críticas que poucos dias depois logo foram esquecidas.

A principio criado como evento de integração entre os povos da América, os Jogos recebem a mesma importância que os assuntos latino-americanos tem, ou seja, quase nenhuma. Por aqui, os Jogos Pan-Americanos refletem o pensamento de colonizados que os países da América Latina sempre tiveram, mesmo após as conquistas de independência. A idéia de pan-americanismo e de uma América soberana não conseguiu vingar nem ao menos nos esportes.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Copa do Mundo de Futebol ?

Faltam menos de 3 anos para a Copa do Mundo no Brasil e os preparativos estão chamando mais atenção do que o futebol. O andamento das obras de infra-estrutura e dos estádios, a Lei Geral da Copa, a escolha da cidade sede da abertura do evento e, por último, denúncias de corrupção do Ministro dos Esportes Orlando Silva, trazem maiores debates no âmbito político do que esportivo, transparecendo mais uma vez o uso político do futebol em nosso país.

A Lei Geral da Copa é o projeto que oficializa o conjunto de exigências da Fifa ao Comitê Organizador Local (COL), regulamentando a realização do evento no país. Apesar do evidente atraso nas obras dos estádios e da ainda mais preocupante lentidão nos projetos de infra-estrutura, é a Lei Geral da Copa que pode levar a troca do país-sede. As exigências feitas pela Fifa ao país-sede de um Mundial são exageradas, interferindo na legislação local e em direitos constitucionais. Tais medidas inevitavelmente causam polêmica, motivando setores do governo brasileiro a condicionar sua realização a uma revisão geral dos termos do acordo, em nome da soberania do país e dos direitos de seus cidadãos.

Enquanto isso, a FIFA junto com o presidente do COL Ricardo Teixeira, escolhe as sedes e tabela de Copa das Confederações e Copa do Mundo. Estrategicamente São Paulo e Minas Gerais são privilegiados com a abertura e jogos da Seleção Brasileira. Não por acaso, tais estados são governados pela oposição e políticos parceiros da CBF. Em pleno ano de eleições para presidente e governador, a seleção estará na casa de “aliados”.

O que se vê é que o país-sede de uma Copa do Mundo pode apenas sugerir, nunca impor ou até mesmo negociar. Organizar esses mega-eventos esportivos, ao contrário do que tentam nos empurrar, não é uma oportunidade única para o país crescer no cenário internacional e de se modernizar. Os interesses nacionais estão cada vez mais negligenciados. A debilidade de uma dita soberania nacional fica evidente quando bate de frente com o capital. A Copa do Mundo é do capital e não do povo. A Copa do Mundo é da Fifa e não de seus anfitriões. A Copa do Mundo está sendo cada vez menos do futebol.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Identidade Nacional

Na semana da Pátria, não é raro no Brasil se discutir sobre a sua real independência, sua soberania e o patriotismo de seu povo. Em um país que ainda se levanta tal questão, mostra a falta de uma identidade nacional. Um dos poucos símbolos e imagens de uma idéia de nação é o futebol e a Seleção brasileira.

A Seleção Brasileira sempre comoveu o país em época de Copa do Mundo. O orgulho de ser brasileiro, que falta no dia-a-dia a cada escândalo de corrupção, desrespeito com a população e a pobreza, sobra durante 1 mês a cada 4 anos. Tudo isso começou na Copa de 38, na França. Craques como Leônidas da Silva e Domingos da Guia, representavam o país diante de grandes potências mundiais na Europa, com grande apoio da população e do governo de Getúlio Vargas, que ajudou a criar esse laço entre torcida e Seleção.


Leônidas da Silva e a sua invenção: a bicicleta

Hoje em dia pouco se vê desses momentos. Nos dias atuais, pra muitos tem sido apenas desculpa pra não trabalhar e reunir os amigos. Convocação e amistosos então... nem aquela paradinha em frente a qualquer tv pra ver o jogo existe mais.

Críticos apontam para o êxodo de nossos principais jogadores para o futebol europeu como a principal causa do afastamento da torcida da nossa Seleção. Tal afastamento aumentou ainda mais ao tornar cada vez mais raros jogos por nosso país, tendo a fria, nublada e longínqua Londres como a nova casa da Seleção. Alguns – especialistas e torcedores se misturam – acreditam ainda na perda do que na época da Copa de 38 era chamado de “futebol mulato”, conhecido hoje como futebol “garoto” ou “moleque”, ou simplesmente futebol brasileiro. Futebol bonito, bem jogado, envolvente, drible fácil, que se confunde com o nosso próprio “jeitinho brasileiro” de improvisar, encontrar uma solução, que nos ajudou a transformarmos no país do futebol.

A seleção brasileira vive uma crise de identidade com o seu torcedor. O fracasso na Copa de 2010 ganhou ecos pela forma como foi, com um futebol que fugiu a nossa identidade, sem a arte e o padrão de qualidade que se exige sempre com o Brasil em campo, jogando um futebol pragmático, jogando apenas pelo resultado. A contratação de Mano Menezes com um discurso de renovação, de volta as origens e de assumir novamente o papel de protagonista, ainda não convenceu a torcida, que tem pressa de ver novamente em campo um futebol-arte.

Nessa semana de independência, acredito que começou uma nova mudança. No jogo Brasil 1 x 0 Gana, se não foi possível ver um espetáculo, pelo menos foi visto Ronaldinho Gaúcho. Uma ponta de esperança nasce ao ver um dos principais representantes do futebol brasileiro que encantou o mundo, retornar a Seleção jogando um futebol próximo do seu melhor. Sua presença em campo além do toque de qualidade, traz experiência pra sustentar jovens talentos como Neymar e respeito dos adversários, como nos melhores tempos de protagonista do Brasil.


Neymar e Ronaldinho: volta do futebol-arte?

No mesmo dia houve uma convocação “sem estrangeiros” para a próxima partida, contra a Argentina. A melhora na economia brasileira, permite que jogadores como Ronaldinho, Neymar e Lucas atuem no país, o que faz com que essa convocação com jogadores atuantes no país atraia maior interesse e identificação da torcida. Voltaram os comentários sobre os convocados, as provocações com os rivais que cederam menos jogadores, pedidos por seus jogadores na Seleção. Isso valoriza ainda mais o trabalho dos clubes em contratar e manter craques, de investir em jogadores desconhecidos e jovens em formação.

No mundo globalizado atual, não se sabe ao certo os limites e fronteiras para a expansão cultural e de mercado. Natural que surjam dúvidas a respeito de uma identidade própria e soberania. O futebol brasileiro não passou ileso por esse globalização, mas ao menos, dá mostras de que compreendeu a sua identidade e tenta novamente recuperar seu papel como representante do seu povo e do Brasil se afirmando internacionalmente como o país do futebol.